Nunes Filho - o Príncipe do Brega from Revista Intera on Vimeo.
Por Allan Gomes
Provavelmente uma das entrevistas mais antigas desta edição da revista, a conversa com Nunes Filho foi realizada ainda em setembro do ano passado em condições incomuns: um prazo apertado para uma segunda edição da revista, que acabou definindo-se em um especial sobre o Festival Atéo Tucupi, um bar fechado no V8 e a falta de um gravador para acompanhar a verborragia de Nunes, obrigando a improvisação de uma handcam para o registro.
No bate-papo, Nunes transitou entre momentos de humor escrachado e emotividade, e mostrou também que talvez não tenha consciência de ser um pioneiro em novos modelos de negócios e gestão de carreira em música, pois ainda se ressente da "falta de reconhecimento do governo" com os artista locais, sem se dar conta de que sua carreira pode ser usada como referência, afinal, ainda nos anos 90 largou gravadora e selos obscuros para investir no seu próprio estúdio, tendo gravado a partir de então todos os seus discos de forma independente, e com controle de todas as etapas da produção.
De lá para cá muita coisa rolou, a revista abriu um forte diálogo com a Internet, mas o cruzamento entre sua trajetória errática e a carreira de Nunes Filho não deixa de ser salutar: produção independente é árdua, amarga, mas os pioneiros na construção de um todo ficam gravados na memória.
No estúdio com a Several
Por Joge Eduardo Dantas
Fotos: Luana Záu
A banda está em estúdio desde o final de 2010 |
Bruno foi afável e gentil; Beto, mais direto e objetivo; Werner se
sentiu confortável dedilhando sua guitarra enquanto os colegas falavam
por ele. Resumidamente, é assim que pode ser descrita a entrevista que a
Several deu à reportagem da Intera.
No palco, os rapazes são sérios, sisudos e até raivosos, eventualmente. Mas foram muito educados durante a entrevista. Ao longo da conversa, ficou claro que os integrantes sabem o que querem da música e tem opiniões claras e fortes a respeito de vários aspectos da vida de uma banda de rock. Têm cabeça feita sobre festivais com dúzias de bandas, sobre a qualidade técnica dos palcos manauaras e sobre que tipo de sonoridade desejam oferecer a seu público. Uma impressão que se confirmou foi o quão hermético é o conjunto.
A Several não trabalha com produtores (os próprios músicos produzem suas gravações), não dá muita moral a comentários alheios e faz o que lhe dá na telha: quase um menino birrento, teimoso - e taurino - de tão cabeça dura. O cuidado com as composições é outra característica marcante assumida pelos músicos.
As canções são compostas, ensaiadas e pré-gravadas à exaustão, num processo que não seria, por certo, encarado com muita disposição por 99,9% dos músicos atuantes em outras bandas (eu já tive banda, eu sei). Tanto preciosismo, no entanto, se justifica: os álbuns são bons, as letras interessantes, os arranjos bem elaborados e as apresentações, super concorridas.
A Several faz um esforço enorme para não jogar seu nome na lama, nem banalizar sua experiência com o público; em troca, recebe uma fidelidade quase canina de seus fãs e entusiastas. A gente espera sim, rapazes; podem ficar tranquilos.
Debut com Os Tucumanus
Aproveitei e engatei outras perguntas... Eles fizeram uma bagunça doida no Coletivo Difusão (onde aconteceu a sessão de fotos), mas o resultado final das fotos compensou! Claro, meu amigo e fotógrafo Janssem mandou muito bem! Enfim... Essa foi minha estréia na revista e espero poder contribuir nas próximas edições. O projeto é muito massa, trata de cultura e música de forma democrática, coisa rara por aqui.