No ano passado, seis foram as bandas selecionadas pela curadoria do Até o Tucupi para compor o palco principal do evento, que ocorreu em plena avenida Eduardo Ribeiro, no Centro de Manaus. Nesse ano, a lista aumentou e agora são 15 as atrações musicais (ver lista) da cidade que se dividirão em dois dias de shows durante o festival, que acontece entre os dias 1 e 5 de novembro.
Vale ressaltar que as bandas selecionadas nesse primeiro momento são as atrações locais, que se inscreveram por meio da página do Até o Tucupi no site Toque no Brasil (festivalateotucupi.tnb.art.br). As 15 foram escolhidas entre 50 bandas inscritas, selecionadas por curadoria composta pelos músicos Augusto Nunes, representante do Cuia Coletiva; Elisa Maia, representante do Coletivo Difusão; e Eliberto Barroncas, integrante do Escada Sem Degraus e Raízes Caboclas.
O festival Até o Tucupi, que esse ano traz o tema “Engrossando o Caldo” – lembrando que no ano passado o tema era “Artes Integradas”, é uma realização do Coletivo Difusão e Projeto Patrulha Jovem Voluntária e conta com o apoio do Circuito Fora do Eixo e Sebrae Amazonas. A programação completa do festival será anunciada em outubro.
Neste sábado, 20/08, das 22h às 23h, tem Cine Sinistro com o show “New Order NewYork 81”. Ícone do tecnopop, o New Order foi formado pelos integrantes remanescentes do Joy Division após a morte de Ian Curtis, vocalista do grupo, em maio de 1980.
O Cine Sinistro é um dos projetos que fazem parte das atividades desenvolvidas no Espaço Cultural Alma Nômade, iniciativa idealizada por Jamilson Vilela, guitarrista da banda cujo nome foi tomado de empréstimo para o local. A programação inclui ainda exposições, poesia declamada e perfomances, visando atender um público ávido por novidades no que diz respeito a manifestações artísticas.
A concepção do espaço surgiu durante um bate-papo com o dramaturgo, tradutor e professor Jorge Bandeira e com o jornalista Daniel Amorim. Ambos são responsáveis pela coordenação e divulgação dos eventos nas redes sociais.
Inicialmente voltada à exibição de shows de bandas post-punk/gothic rock (daí o adjetivo), a programação do Cine Sinistro vai abrir espaço também para o rock alternativo. Entre os títulos previstos, estão “Heima”, clássico registro da banda irlandesa Sigur Rós , e “Who Put the M In Manchester”, do ex-vocalista dos Smiths, Morrissey.
O Espaço Cultural Alma Nômade fica na rua Leonardo Malcher, 1106, altos da papelaria Ponto&Vírgula, próximo à faculdade Materdei. O ingresso custa R$ 2. Bebidas e petiscos à venda. Contatos: 8171-3365 (Jamilson).
Inicia hoje, em Fortaleza (CE), a 10ª edição da Feira da Música, evento que já se tornou pioneiro no formato pelo país. A Feira se estende até sábado, dia 20, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e seu entorno.
O Coletivo Difusão e o Cuia Coletiva, participam da Feira da Música representando o Amazonas. Os dois coletivos trabalham no fomento e em ações de políticas públicas voltadas a cultra independente do Estado, como audiovisual, teatro, música e as artes integradas em geral.
Para enfatizar ainda mais a força do Estado na Feira, participam além dos Coletivos, a Cooperativa de Música Tipiti, outra iniciativa de músicos de Manaus, que estará com um estande no evento e participar das rodadas de negócios; e a cantora amazonense Elisa Maia, que se apresentará na abertura do encontro, numa participação especial ao lado das cantoras Andreia Dias e Lurdez da Luz hoje a noite.
A Feira da Música é um espaço não apenas de exibição, mas de promoção e autogestão de carreiras do universo da música independente. Desde 2009 quando por meio da criação da Rede Ceará de Música (RedeCem), coletivo cearense integrado ao Circuito Fora do Eixo, vem reforçar os laços com a rede nacional baseada na compreensão de um mercado cultural orientado pelos princípios da economia solidária.
Hoje (17) é dia de balançar ao som da banda Alaíde Negão, que toca no Caverna Rock Pub a partir das 22h. As influências do grupo vão desde rock, soul e funk até ritmos regionais, tudo temperado com muito groove, sem deixar de lado as letras bem elaboradas.
Banda está em produção gravando um EP e participandp da coletânea Garagem 30 Vol.1
Formada em 2008, a Alaíde Negão conta com Davi Escobar (Guitarra, Violão, Efeitos, Samples e Voz); Agenor Vasconcelos (Contrabaixo e Voz); Rafael dos Santos (Guitarra); Markito Rock (Flauta e Trompete) e Anastácio Jr. (Bateria).
Já tocaram em diversos festivais realizados no norte e nordeste do país, como o Festival Cauxi (Manaus-AM), Noite Fora do Eixo (Boa Vista-RR), Reveillon (Ilha de Algodoal-PA) e O Bagulho é nas Alturas (Olinda-PE).
O público presente também terá a oportunidade de conferir músicas do última EP da banda, intitulado “Uns todo mundo, outros uudo mem”, finalizado em abril deste ano.
O ingresso custa R$ 5. As primeiras vinte pessoas ganham um kit especial de presente.
O Caverna Rock Pub fica na rua Costa Azevedo, 91, Centro.
Neste
sábado, dia 6 de agosto, tem mais uma edição do “Toca Rock”, projeto que abre
espaço para shows de bandas independentes de Manaus, promovido pela Push Play
Produção. Essa semana, o blog da INTERA traz entrevistas com as bandas que irão
se apresentar no evento: Tattva, Alíases, Tudo Pelos Ares e Os Nicotines.
Para
começar, conversamos com Marcos Magalhães, vocalista da Tattva, sem dúvida a
banda com o som mais pesado da noite e que realizará o primeiro show com novo
nome e formação na ocasião. "Eu fazia parte de uma banda chamada Safe,
quando eu tinha meus 17 anos. Tocava com os amigos covers de Sepultura, Slipknot e Korn... Ano passado, eu juntei uma
galera pra fazer o tributo ao Deftones, após o tributo decidimos que iríamos
começar a compor", lembra.
Vídeo do ensaio da banda Tattva - música de trabalho
"Aquários"
Entre
as mudanças da banda, além de se voltar para as composições autorais, a entrada
do novo baterista, Rafael Lima, e o nome Tattva, ideia do novo integrante que,
segundo Magalhães, seria algo como "uma palavra que remete o complemento
de elementos que formam alguma coisa, por exemplo, as células são tattva para o
nosso corpo e o corpo é tattva para as células", explica meio sem jeito o
músico. "É uma viagem que só o Limão (baterista) consegue explicar
direito", completa.
Influenciada
pelo New Metal de bandas como
Deftones, 36 Crazyfists, Glassjaw, a Tattva vai apresentar no Toca Rock um
repertório agitado, com as músicas já compostas da banda e uma música nova que
ainda está em fase de pré-produção do seu primeiro álbum, sem data de
lançamento, mas que pode compor 10 canções.
"A
idéia é ir finalizando e lançando uma por uma no site do Toque no Brasil,
inclusive, a primeira já está disponível pra download no endereço. Temos quatro
músicas prontas faltando mixar, e mais umas cinco em pré-produção que falta
letra. Talvez finalizadas até o final do ano", conclui Marcos.
Divulgação
Confira amanhã as entrevistas com as demais bandas que
participam desta edição do Toca Rock
Na segunda parte da entrevista, Emicida fala sobre a
parceria com o Fora do Eixo, a experiência de tocar em um dos maiores festivais
de música do mundo, nos EUA, o Coachella, entre outras novidades. Imperdível. Veja, leia e se intere:
Como
você analisa essa parceria com o Fora do Eixo (FDE), que foi um grande
incentivador do seu trabalho de uns tempos para cá?
Na verdade acho que esta parceria com o FDE é uma
grande troca, porque o FDE me leva para lugares que não alcanço, assim como consigo
levar o FDE para pessoas que não conheciam essa iniciativa. Primeiro que
acredito na parada, e os caras acreditam em mim. Eu compreendo muito bem o formato
que a música funciona no século 21 e eles também entendem. A nossa proximidade
veio por causa dessa sinergia e da necessidade de tornar o circuito dos festivais
independentes uma coisa mais de festa. Talvez, no sentido de variar e não ter
só bandas de rock dentro do circuito. Se for ver, eu funciono meio que como um
embaixador do rap dentro do FDE,
porque levo essa informação para muita gente, eu falo para as pessoas do que se
trata, realmente faço militância para que as pessoas conheçam todo o trabalho
que a gente vem fazendo com o FDE, e entendo que esse pode ser um dos milhares
de caminhos para fazermos com que a música circule de maneira honesta no século
21.
Você
disse que sabe como a música funciona no século 21. E como o rap funciona hoje em dia?
Mano, o rap
é uma música totalmente contemporânea. Ele consegue se adaptar ao tempo em que
está vivendo de uma maneira fascinante. O rap
de 1973 era um e o de 1974 já era outro, e assim consecutivamente, porque é uma
música que bebe de várias fontes, embora haja um radicalismo por algumas partes.
Então você vai ver o que o vagabundo fazia com o soul, o funk, R&B, o jazz... Hoje, as pessoas têm um leque maior de opções: podem
misturar com baião, pop, xaxado, polca, música instrumental do leste europeu,
música indiana, samba… Temos possibilidades maiores e o rap consegue visitar tudo isso. Na temática, acredito que a gente
tem que ser menos limitado. Podemos variar e cantar sobre mais coisas, mais
temas. Acho que somos bem pobres neste sentido, apesar de que têm surgido uns
caras que conseguem abrir leques que são novos e interessantes. Por exemplo,
tem um cara aqui em São Paulo chamado (Rodrigo) “Ogi” que lançou um disco que
passeia bem por esse lance de o rap falar
de outra coisa sem ser algo chato, e ele conseguiu fazer isso de uma maneira
muito boa.
O
Criolo (Doido, rapper paulistano
parceiro de Emicida) tem umas coisas diferentes também...
(Interrompe) Mas o disco do Criolo é bem mais cantado.
Para mim, é importante que tenhamos um disco de rap cantado da forma tradicional e que seja visto com essa grandeza
aí. Mas, as pessoas precisam assimilar que um disco não precisa ser totalmente
cantado, tá ligado? Quer dizer então que se a gente quiser que um disco seja
reconhecido vamos ter que cantar, mudar a concepção de música, porque a crítica
só reconhece pessoas que cantam? Não, eles que revejam os conceitos deles. O
disco do Criolo é maravilhoso, mas é um disco cantado, ele queria fazer algo
mais pancadão mesmo. Foda são as pessoas, que acham “não, o disco do Criolo é
bom, porque ele canta”. Não, o disco do Crioulo é bom, porque ele é bom “pra
caralho”! Não é só porque ele canta, não é o primeiro cara que canta rap e consegue imprimir umas boas
melodias também. Eu acho que, politicamente, é muito importante que a gente
tenha bons discos de rap feitos da
forma tradicional, que sejam tão relevantes, mas as pessoas precisam aprender a
reconhecer o rap da maneira crua,
tradicional, e não fugir para outro argumento para não elogiar o gênero, como
fazem. Tipo “eu sou o cara que faz o rap
com jazz, com funk, com soul”. Não
cara, faço rap, misturo, mas o que eu
faço acontece já há 20 anos. O Criolo, por outro lado, bebeu de uma outra
fonte. O que tá acontecendo aqui, é que tá todo mundo fazendo rap, e as pessoas que comentam e criticam
precisam aprender a ampliar seus horizontes e reconhecer a grandeza de um disco
feito tanto com música falada quanto algo diferente.
E a
sua fonte de inspiração? Você fala muito nas suas músicas da guerra entre o
“verdadeiro” e o “falso”, a vida na rua, na favela. Como isso te influência
como artista?
Na verdade essas músicas são meio antigas, é um
pensamento meio adolescente até. Vamos falar a verdade, né? (risos). Hoje, eu
busco muito mais ser influenciado pela vida no sentido do cotidiano real mesmo:
tem coisa boa e ruim acontecendo, então, só penso em ser honesto comigo mesmo. Tento
fazer justiça aos dias que vivo. Conto coisas que já vivi, coisas que pessoas
próximas a mim viveram, coisas que eu vejo e concordo, ou não concordo. Tudo
isso entra na minha música de alguma maneira. Esse é o grande lance. A inspiração
é e sempre foi a vida, não preciso ficar olhando pro mar ou pro horizonte para
a coisa fluir. Para mim, a minha poesia estar restrita a um lugar, é muito
pobre. Eu nasci compondo em meios adversos, entende? Não tinha sequer um papel
para escrever, e agora tenho um leque maior de opções, mesmo sem precisar me
tornar refém de nada dessas coisas. Procuro me manter próximo das pessoas que
realmente me inspiram. Sou muito influenciado pela minha mãe, pelo jeito que
ela vive e vê as coisas. Pela minha filha, que me inspira muito também. A
simplicidade dessas pessoas é algo que mais me motiva a escrever.
Foto: Reprodução
Como
foi tocar no Coachella (um dos maiores festivais de música no mundo, que
acontece anualmente na Califórnia, nos EUA)? Teve aquele problema do atraso no
voo que prejudicou sua apresentação…
(Interrompe) Não cara, não foi atraso no voo, foi
atraso na imigração “Filha da Puta dos Estados Unidos da América” (Na ocasião,
Emicida estava acompanhado de mais cinco pessoas).
O cara foi babaca e nos barrou, nos revistou, insinuou
que a gente estava com drogas. O cara foi filha da puta mesmo, tá ligado? Eles
(do departamento de imigração americano) duvidaram que éramos músicos, ficaram
dando risada dos nossos passaportes, fazendo piadinha e acabou que ficamos três
horas no aeroporto e perdemos o horário do show no Coachella. Íamos tocar no
melhor horário e acabamos tocando no pior, tudo por causa da imigração. Para
mim, foi uma oportunidade do caralho, foi um puta trampo, mas fiquei decepcionado
por causa da burocracia da imigração. Eles deram um visto de apenas três dias!
O Departamento de Imigração dos Estados Unidos ridicularizou a gente com um
visto de apenas três dias, para humilhar mesmo.
E a
plateia que assistiu o show?
Foi pequena, chutando alto, tinham 50 pessoas. Mas nós
tocamos em Los Angeles, fizemos outros shows, que foram “da hora”, foram
grandes, até. Claro, não foram megashows, mas a plateia teve uma boa recepção,
o que nos deixou bem feliz. Mas se fosse só pelo show do Coachella, a gente
teria voltado bem triste, porque a imigração realmente fez esse sonho se tornar
bem menos bonito.
O
que você pode adiantar sobre esse CD e documentário que estamos esperando, o
“The Rise of Emicida”?
O “The Rise of Emicida” é um conglomerado das coisas
que temos feito, nesse sentido de lançar a ascensão mesmo, mostrar que um dia a
gente tá tocando num barraquinho no Cachoeira, e agora estamos conquistando o
mundo. Então, o CD vai passar essa informação para as pessoas, por uma ótica
interna, mostrando como as coisas ocorrem, a repercussão e a proporção das
coisas.
E o
CD em parceria com a Macaco Bong, vai sair?
Na verdade eu preciso estudar mais isso, porque quero
participar com uma bagagem maior, musicalmente falando. Acredito que este
trabalho tem um potencial muito grande e ainda me sinto pequeno, por isso
preciso estudar para me tornar grande; é o que tenho feito. E aí sim, vou
entrar em estúdio com a Macaco Bong e poder contribuir da maneira que acredito
que a música deles merece.
Confira o vídeo sobre a Noite Fora do Eixo em Manaus com Emicida.